Etimologia de Mentira

Toma sua forma a partir do verbo mentir, referindo-se ao latim como mentīri, expressando uma raiz no indo-europeu *men(1)-, destacando a mente. Mentīri faz alusão à construção de uma falsa realidade a partir de saberes firmes, considerando que toda deformação da verdade é uma construção da mesma. Deste modo, replica a interpretação atual que se observa em português: dizer algo sabendo que é falso.

O universo linguístico da ausência de verdade

No século XVI, os erros da imprensa eram conhecidos como mentiras da imprensa. Quando a falsificação da verdade não tem uma finalidade especialmente prejudicial ou maligna, falamos de uma mentirinha. Já nas circunstâncias em que dizer algo falso tem uma justificativa moral, estamos diante de uma mentira piedosa.

Em nosso idioma existem várias locuções que aparecem esta palavra: “parece mentira!” ou “mesmo que pareça mentira”. Em português, há uma ampla lista de sinônimos: engano, falsidade, fraude, embuste, farsa, trapaça, lorota, balela, entre muitas outras.

Há conceitos que não são expressos num sentido estrito o contrario da verdade, mas que têm uma notável semelhança. Assim, as palavras ou atitudes hipócritas, inclusive a propaganda informativa são duas versões de falsificação.

Vale destacar que em alguns jogos de baralho, os participantes “blefam” quando transmitem a seus adversários que têm uma chance de ganhar mesmo que suas cartas não sejam boas.

Há indivíduos que não têm controle sobre suas farsas e manipulações e são conhecidos como mentirosos compulsivos. Por último, no âmbito do direito, a pessoa que promete não ser mentirosa em um julgamento, mas que acaba mentindo, está cometendo um crime de perjúrio (em seu sentido etimológico, o vocábulo perjúrio significa jurar em falso).

Na lógica também encontramos as falácias

Uma falácia é, em poucas palavras, um argumento ou raciocínio apresentado como válido, mas que não é. Uma das mais conhecidas é a falacia ad ignorantian, que consiste em aceitar uma ideia como se fosse verdadeira, uma vez que não é possível demonstrar sua falsidade.

A revolução de uma modalidade que expressa mensagens enganosas, mas que “parecem” verdadeiras.

Seria impossível especificar quando apareceu a primeira versão da mentira, já que o ato de dizer o contrário da verdade é tão antigo como a própria humanidade. No entanto, podemos falar sobre a última modalidade de falso, as fake news. Estas notícias são, como a maioria das mentiras, aparentemente verdadeiras.

A partir do uso de palavras verossímeis e de um formato que transmite credibilidade, alguns meios de comunicação se dedicam a difundir mentiras com o propósito de manipular a opinião pública. Embora este procedimento não seja novidade, as fake news contam com o poder da Internet para multiplicar-se de maneira irrefreável.

    : Pascal Huot

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