Registra-se recentemente no latim moderno como suicidium, formado pelos elementos latinos: sui, indicando a si mesmo, e o sufixo -cidium, que representa um assassinato, associado ao verbo caedere, que se refere a matar explicitamente.
É possível observar inúmeros termos vinculados ao verbo caedere, para distinguir determinado tipo de situação: homicídio (em latim homicidium), parricídio (em latim arricidium), genocídio (neologismo baseado no grego génos, por classe e -cidium), ou infanticídio (em latim infanticidium).
Um assunto que historicamente tem sido avaliado como um tabu
O suicídio tem sido e é um tema tabu por diversos motivos. Em primeiro lugar, porque atenta contra a própria vida, o valor mais precioso que existe. É importante ressaltar, por outro lado, que no Cristianismo afirma-se que não somos donos de nossa própria vida, já que a mesma pertence a Deus. Os meios de comunicação não costumam publicar notícias sobre este episódio trágico para evitar desta forma o efeito de imitação de potenciais suicidas.
Os familiares dessas pessoas que tiram suas próprias vidas podem ficar estigmatizados e para esconder a vergonha ocultam a verdadeira realidade sobre o acontecido. Do ponto de vista psicológico, as pessoas mais próximas ao suicida podem sentir-se culpadas. Por último, trata-se de um assunto tabu por não ser agradável e abordar a questão da morte.
Esta conduta moralmente “inaceitável” é, no entanto, uma realidade. De fato, na população entre 15 e 29 anos é a segunda causa de morte e se estima que cerca de 800.000 pessoas em todo o mundo tiram suas vidas a cada ano.
Os últimos momentos na vida de Sócrates
Na maioria dos casos, o suicídio de uma pessoa representa o fim de uma trajetória de vida marcada pelo sofrimento ou derrota. Esta premissa geral não foi cumprida pelo filósofo Sócrates, que acabou com sua vida com absoluta serenidade e sem nenhum ápice de angústia.
No ano 399 a. C Sócrates foi julgado pelo povo em uma assembleia por dupla acusação: por introduzir novas divindades entre os atenienses e por corromper os jovens. Por trás destes motivos havia uma clara tentativa de silenciar o filósofo.
Durante o julgamento, Sócrates não demonstrou arrependimento e nem pediu desculpas
Em suas palavras perante o tribunal apenas limitou a dizer que a única coisa que fez em sua vida foi buscar a verdade e tentar melhorar a condição moral dos atenienses. O júri que lhe condenou declarou-o culpado por uma estreita margem de votos. A sentença que lhe foi imposta era tradicional em sua época: tinha que beber cicuta para se matar.
Apesar da condenação, seus amigos mais próximos tinham um plano de fuga para salvar sua vida. Quando foi comunicado, Sócrates rejeitou a proposta e escolheu livremente o caminho do suicídio. Antes do desenlace final, reuniu seus amigos e falou com absoluta naturalidade sobre a imortalidade da alma. Em seguida, bebeu a cicuta e em poucos minutos acabou falecendo.
Seus momentos finais ficaram imortalizados no diálogo “Fédon” de Platão.
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Benjamin Veschi. Ano: 2019. Em: https://etimologia.com.br/suicidio/
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: Andrii