Etimologia de Tragédia

Encontra referência no latim tragoedĭa, e este sobre o grego tragōidía, constituído a partir de dois elementos: trágos, que se refere a uma cabra macho e oidía, que compreende um canto. Esta curiosa união tem uma explicação: durante as representações teatrais dedicadas ao deus Dionísio, um bode era sacrificado e nesse exato momento era cantada uma oda por aqueles que formavam o coro.

Os gregos antigos eram apaixonados por teatro. Na verdade, foram eles que criaram os três gêneros clássicos da dramaturgia: comédia, drama e tragédia. Esta última em sua origem mais remota era uma representação onde os atores estavam envolvidos em uma trama marcada por dor e sofrimento.

O teatro grego em suas origens se enquadra no contexto dos rituais sagrados

Nas principais cidades da região Ática, os povos gregos encenavam diversas cerimônias para reverenciar seus deuses. As representações trágicas eram histórias com um conteúdo moralizador. Em outras palavras, simbolizavam o respeito às divindades e tradições.

Nas representações trágicas, Dionísio, o deus do vinho e da vegetação, era venerado. Os gregos respeitavam Dionísio porque ele favorecia as colheitas e também porque temiam sua fúria. Na cidade de Atenas era celebrada uma festa em sua homenagem no início da primavera, as dionisíacas.

Os rituais realizados durante esta celebração constituem a origem da tragédia. Com o passar do tempo, as comemorações adquiriram uma nova dimensão com a introdução de coros e danças em suas representações.

Assim mesmo, os atores usavam máscaras enfeitadas com chifres de bodes. Por este motivo, o público chamava estas apresentações de tragoidías.

A interpretação nietzschiana

Em 1871 foi publicada a primeira obra do filósofo Friedrich Nietzsche: “O nascimento da tragédia no espírito da música“. Para o filósofo alemão, a arte é a único modo que nos permite enfrentar a dor da existência. A partir do seu ponto de vista, o pensamento ocidental aniquilou a autêntica vitalidade do ser humano.

Com o fim de recuperar a genuína força vital, Nietzsche inspirou-se na tragédia grega. E dentro do espírito dessas representações dedicadas a Dioniso encontrou o caminho correto para resgatar o vitalismo que a filosofia ocidental havia perdido.

A partir de sua reflexão sobre a tragédia grega, Nietzsche apresenta uma análise filológica e ao mesmo tempo filosófica. O propósito de sua obra é, em síntese, a exaltação da visão dionisíaca e o desprezo da concepção apolínea (a partir de seu ponto de vista, o apolíneo simboliza a objetividade e o rigor na arte e no pensamento).

Para Nietzsche, o homem ocidental tem seguido, metaforicamente falando, o rumo do deus Apolo, mas tem se esquecido da paixão e da energia representada pelo deus Dionísio.

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